quarta-feira, agosto 8

O Outro

mim tem blog novo, noutro lugar.
nao sei porquê, e o mais provavel é que volte a escrever neste, porque já o tenho à tanto tempo,
é o meu blog-marido.
mas por agora, precisava de variar.

Por isso: http://paronimas.blogspot.com/

(apresento-vos o meu blog-amante)

quarta-feira, maio 16

Violinho

Quero um som, uma nota, que me faça sentir.
Quero um violino que lamurie o meu desgosto, que cantarole o meu divertimento, que grite a minha revolta.
O monocórdico desprendimento das palavras já não me emociona…

quarta-feira, abril 25

AR

Queria dizer que a culpa é tua. Porque sim, porque é o mais fácil - e porque pontinhos de desculpas não me faltam na superfície da língua. Era simples. Mas infelizmente, mais simples é culpar-me a mim. E lado a lado, é também a verdade.

Os dias são rápidos de mais, e parece que o mesmo ecrã que perpetua as horas é o que passa sem parar o dia a deslizar para a noite, e a noite a suavizar os dias. As nuvens a ondular e a pintar padrões almofadados, a escurecer as paredes do quarto - a molhar o parapeito da janela. Mas nada disso interessa - a não ser a rapidez com que se propagam. E esta rapidez é também a nossa, a velocidade com que os deuses nos vêm a correr de um lado para um outro, do mesmo lado para o outro mesmo, como se importasse. Porque para nós, é certo que importa. Ás vezes.

E dizes que a vida não tem sentido. Mas vives na mesma, porque o sentido também não é importante. Porque o equivalente à tua vida é a vida da formiga que esmagaste quando te deitaste no meu colchão. Mas mataste-a, e era igual se te esmagassem a ti? Não, claro que não. Mas dizes que sim. Porque és uma pessoa, e além de tudo és um animal. Então por mais que penses que queres morrer, quando entra uma metralhadora na sala escondes-te debaixo da mesa. E quando estás deitado, de olhos no chão e com o nada a adormecer-te o pulso, a lágrima que te molha é a sobrevivência a gritar. O instinto...

Se calhar, digo eu, o que é mais importante é o amor. E não precisa de ser o amor romantico, não, não precisa ter quinhentos telefonemas e mensagens, e ciúmes e beijos e mentiras agradáveis. O amor, digo eu, pode ser aquele amor que temos pelos amigos, mesmo os idiotas que já pouco ouvimos. E o amor, pode ser aquele carinho que temos por aquela pessoa especial, aquela que nunca pensamos sequer sentir amor, ou aquela que pensamos e dissemos prontamente que não, porque não. Pode ser o amor que chove em mãos entrelaçadas nas igrejas, que se esconde debaixo de um pano, de um lençol, de uma página de um livro. O amor que está em todas as coisas que fazemos e na forma como apreciamos o vibrar da música, ou a cor das pétalas quando secam. É assim, é o que importa. Podes nem pensar muito nisso, mas de certeza que pensas. Todos pensamos. Não vivemos sem isso. E esconder as coisas que amamos é daquelas coisas que fazemos todos os dias um bocadinho, e todos os dias muito. Sem querer ou propositadamente.

Não estou exaltada. E daí se calhar estou. Porque acho que é isso que me falta. Porque enquanto escavo e derreto as camadas de cera que me tapam os ouvidos, não encontro o sussurro amoroso que devia lá estar - que estava lá, eu tenho a certeza, à uns tempos atrás. Mas à quanto tempo? Já não sei, se calhar à tanto tempo...


Queria dizer que me apetecia sair daqui e fugir de todas as coisas que me apertam contra a cadeira. Mas não quero. Não quero fugir, não por coragem, mas por apatia. Por falta de força, como tudo o resto que faço e deixo de fazer. Com tanta conversa de revolta e diferença, sou mais resignada que as horas do dia. E com tantas palavras sobre sonhos, sou eu que não os tenho mais. Nem aqueles que se resumem ao básico excepcional.

E queria dizer que a culpa era tua, que os teus olhos reviram quando falo, e que os teus dedos só desejam e não escutam; queria dizer que me enganaste com o teu olhar vago e palavras brilhantes, que me mentiste com a exagerada paixão - e claro que não sabias que era isso que eu queria. Queria dizer-te, gritar-te que sei, sei que a culpa é tua.


Ias acabar por descobrir, que a culpa é minha.
É difícil respirar com tantos pensamentos a bloquear-me a cabeça.
É difícil estar perto de ti com tantas dúvidas a puxarem-me para trás.
E é difícil, ainda mais difícil, esquecer.
E é difícil, tão mais difícil, amar.
E viver. Mas se calhar é suposto.

Ou então a culpa é minha.

Os minutos são rápidos de mais, e eu vivo com tectos de gelo!
Não te aproximes mais, porque se se partem, tenho medo que o mundo lá fora deixe de existir.
E uma pausa assim não era tão boa como podes pensar.

Não digas que sabes, não sabes.
E eu não posso ser um obstáculo ao teu amor.